Elétricas ganham 67% mais com preço recorde da energia neste ano

Os altos preços do megawatt-hora no mercado de curto prazo, que permanecem no patamar máximo permitido pelo órgão regulador desde fevereiro no Sudeste, fizeram com que as elétricas registrassem lucros brilhantes no primeiro trimestre, liderados pelos fortes resultados obtidos com o negócio de geração.

Se consideradas dez grandes companhias do setor, o lucro total acumulado nos três primeiros meses alcança R$ 4,6 bilhões, 67% maior que o obtido em igual período do ano passado. Entraram na lista a Eletrobras, Tractebel, CPFL, Cemig, Cesp, Copel, AES Tietê, AES Eletropaulo, Light e Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep).

Há um ano, ao contrário, os balanços das elétricas foram abalados pela polêmica Medida Provisória 579, que tratou da renovação das concessões, decretada no fim de 2012.

A Eletrobras lucrou quase R$ 1 bilhão nos três primeiros meses do ano graças à suas geradoras, revertendo as perdas de R$ 36 milhões registradas em igual trimestre do ano passado. A gigante estatal foi a mais afetada pela MP 579 e passou por um período de penúria em 2013, quando acumulou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões.

O trio Cemig, Cesp e Copel, estatais de Estados governados pelo PSDB, também engordou o caixa com os altos preços no mercado de curto prazo. As empresas não renovaram as concessões de suas hidrelétricas e possuem um grande volume de energia descontratado. O trio lucrou R$ 2,7 bilhões nos três primeiros meses, 67% mais que no mesmo trimestre de 2013.

Esse foi o melhor trimestre na história da Copel, disse o presidente da estatal paranaense, Lindolfo Zimmer. O lucro da companhia cresceu 46%, para R$ 583 milhões.

Mas, para os próximos trimestres, os resultados do setor tendem ser mais opacos. Parte dos ganhos veio da estratégia das geradoras de vender uma grande quantidade de megawatts-hora no começo do ano. Isso quer dizer que terão menos energia para alocar nos próximos trimestres e, se os preços estiverem tão altos como agora, os lucros tendem a minguar. A analista do UBS, Lilyanna Yang, estima que a Cesp tenha vendido 37% de sua energia no primeiro trimestre.

Outro problema que as geradoras terão neste ano será a menor entrega de energia hídrica, já que o Operador Nacional do Sistema (ONS) está puxando mais energia das termelétricas para atender a carga. Sempre que há uma diferença entre o volume assegurado nos contratos e o total entregue para o sistema, fator conhecido pela sigla GSF, o déficit tem que ser comprado no mercado de curto prazo pelas geradoras. Por lei, as empresas só ficariam desobrigadas de atender 100% dos contratos se um racionamento fosse decretado.

“Todo gerador vai ficar devendo”, disse Edson Luiz da Silva, diretor de planejamento da Tractebel, para quem o rombo no setor de geração pode ficar entre R$ 13 bilhões e R$ 24 bilhões, dependendo do comportamento dos preços.

A Tractebel, maior geradora privada do país, foi uma exceção no primeiro trimestre. A empresa frustrou os analistas ao registrar um lucro 32% menor, de R$ 289 milhões. O resultado deve-se à estratégia de gestão de risco adotada pela empresa, que preferiu guardar energia para o segundo semestre, quando outras geradoras, ao contrário, terão menos produto.

Outra exceção no primeiro trimestre foi a Light, distribuidora de energia do Rio de Janeiro, que registrou um lucro 130% maior, de R$ 180,5 milhões. Mas o desempenho que foi influenciado pelo seus negócios em geração.

Ao contrário das geradoras, as distribuidoras sofreram fortes pressões no fluxo de caixa, que só não foram piores devido aos repasses feitos pelo Tesouro e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que contraiu uma linha especial de crédito.

As distribuidoras da Eletrobras trouxeram um prejuízo de R$ 4376 milhões no primeiro trimestre, quatro vezes maior que as perdas em igual período do ano passado. O lucro da CPFL caiu 57%, para R$ 174 milhões nos três primeiros meses deste ano, enquanto a AES Eletropaulo, maior distribuidora do país, contabilizou uma perda de R$ 183,5 milhões no trimestre, após ter apresentado um prejuízo de R$ 800 mil no mesmo intervalo de 2013. No entanto, a geradora AES Tietê, que fornece energia para AES Eletropaulo, obteve um lucro de R$ 358 milhões, 93% maior.

Fonte: Portal PCH – 23/05/2014

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