El Niño em formação promete mais chuvas no sul e redução no Norte

 ano de 2015 poderá apresentar uma mudança no regime de chuvas observado neste ano e o fenômeno causador desse efeito é o El Niño. Ainda não é possível saber qual poderá ser a sua intensidade, mas a tendência é de que o próximo período úmido o Norte fique com chuvas abaixo da média e ocorra mais precipitações no Sul do país, principalmente, em meados do ano que vem. Para este ano deveremos ver a normalidade de período seco, que concentra apenas de 5% a 10% da precipitação total no ano do país.

De acordo com o professor Vernon Kousky, da Universidade de Maryland (EUA), já é possível ver que a formação do El Niño está em andamento, mas que apenas daqui a cerca de dois meses teremos maior clareza sobre seu impacto. No momento, o sistema está em desenvolvimento com as águas do Oceano Pacífico se mostrando mais quentes do que a média.

De acordo com o site da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), órgão do governo norte-americano no qual ele atua como consultor, havia em abril um grande bloco de água com uma temperatura até nove graus celsius acima da média e que vem se deslocando em direção à América do Sul.
“Geralmente temos seis meses de formação desse fenômeno, se a seca na Indonésia continuar, assim como as chuvas no Pacífico Sul, teremos o El Niño. Temos ainda bastante tempo pois o impacto começará a ser sentido apenas a partir do final do ano”, explicou o acadêmico após sua apresentação no II Encontro da Meteorologia com a Nova Era do Setor Elétrico Brasileiro, evento realizado em São Paulo entre a Climatempo e o Grupo CanalEnergia.

O efeito mais ameno no Norte e mais extremo no Sul do pais é o reflexo do contraste das temperaturas atmosférica e das águas. Como o El Niño é marcado pelo aumento da temperatura das águas do Pacífico, seu impacto é mais forte nas áreas subtropicais, onde está o Sul do Brasil. Com a La Niña é o contrário, o esfriamento das águas contrasta com o calor das regiões próximas ao Equador, mais quentes, e que geram as tempestades nessa faixa do planeta.

Apesar dessa perspectiva para as regiões Sul e Norte, a região Sudeste que é considerada a caixa d’ água do Brasil continua a ser uma incógnita. Nessa área, explicou Kousky, o impacto climático e a ocorrência de chuvas é o resultado da Zona de Convergência do Atlântico que atua na combinação entre as frentes frias vindas do sul em conjunto com a umidade que chega ao continente por meio dos sistemas frontais, que são ventos que se formam sobre o oceano. E esse fenômeno não tem um modelo que possa ser previsto com antecedência maior que duas semanas. Além disso, essa porção do país acaba tendo um impacto marginal dos efeitos vistos nos extremos do país.

Kousky confirmou que o baixo nível hidrológico visto no Sudeste este ano foi o que se chama de ponto fora da curva. O estacionamento das frentes frias no sul do continente já foram registrados no passado, como em 2001, ano do racionamento. Contudo, a duração desse fenômeno, que impediu a formação da zona de convergência foi totalmente atípica pelo tempo que durou.

“Já vimos isso em vários anos, mas não é comum e em 2014 foi a mais persistente que existiu até hoje e impediu a formação de chuvas”, explicou ele, porém, afirmou que não é possível relacionar o ocorrido ao aumento global da temperatura e dos efeitos do aquecimento global.

Fonte: Canal Energia – 16/05/2014

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