Não existe em nenhum lugar do mundo sistema energético perfeito. O sistema de energia do Brasil foi pensado para funcionar com sobra em 95% das possibilidades, mas em um ano no qual de janeiro até agora foi registrada a pior estiagem dos últimos 80 anos, pode haver quedas de energia principalmente no Sudeste, entre as 18 e as 20 horas.
Esse diagnóstico foi feito nesta quarta-feira em um Seminário na Câmara dos Deputados sobre a importância das pequenas centrais hidrelétricas. Também chamadas de P-C-Hs, as pequenas centrais são usinas pequenas, em rios menores, mas que em grande quantidade acabam valendo o mesmo que as grandes geradoras.
O seminário foi promovido pela Frente Parlamentar Mista em Defesa das Pequenas Centrais. O coordenador da frente, deputado Pedro Uczai, do PT de Santa Catarina, criticou o Ministério de Minas e Energia por não ter enviado nenhum representante ao seminário e defendeu o incentivo às pequenas usinas.
“Desde que eu fiz meu mestrado lá na década de 90 eu já escrevi um capítulo de que, em detrimento das grandes hidrelétricas, melhor resultado energético, social e ambiental era o das pequenas centrais hidrelétricas e hoje eu estou convencido disso. Por isso que este seminário tem o objetivo de dialogar e pressionar o governo para, de forma mais agressiva, liberar projetos de pequenas centrais e microgeração.”
O presidente da Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas, Ivo Pugnaloni, se queixou da burocracia que cerca a geração de energia no País. Ele criticou preços pagos pelo governo pela energia das P-C-Hs e explicou porque elas são importantes para o abastecimento.
“As pequenas hidrelétricas estão situadas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ou seja elas estão muito próximas das casas. Então elas podem trazer ao sistema aquilo que as grandes hidrelétricas, situadas no meio da Amazônia, não trazem, que é a segurança. Quando você tem uma usina que você precisa trazer de quatro mil quilômetros de distância, como essas aí, as eólicas do Nordeste também e as eólicas do extremo Sul, tudo isso representa risco.”
Além do Ministério de Minas e Energia, os participantes também reclamaram da burocracia da Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel. Segundo os empresários, os processos para a construção de centrais ficam parados na agência.
Dois diretores da Aneel compareceram ao evento. O diretor André Pepitone prometeu que a partir de agora a Agência vai acelerar a análise desses processos.
“À Aneel cabe implementar a política energética. Então, dentro do ordenamento do setor nos cabe aprovar esses projetos e hoje nós estamos buscando destravar essa agenda e liberar os projetos. Tanto os estudos de inventário quanto os projetos básicos das usinas que estão lá na Aneel em análise.”
A Frente Parlamentar Mista em Defesa das Pequenas Centrais Hidrelétricas foi criada no ano passado.
Fonte: Rádio da Câmara – 23/04/2014
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