Exposição dos geradores no curto prazo pode chegar, no limite, a R$15 bi

A exposição dos geradores hidrelétricos com a compra de energia para garantir os contratos em 2014 pode chegar a cerca de R$ 15 bilhões em uma situação limite, na qual 100% da garantia física estejam comprometidos com esses contratos. Simulação feita para a Agência CanalEnergia pelo presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello, mostra que haverá prejuízo nas contas das geradoras, mesmo em situações em que haja algum grau de proteção para acomodar eventuais problemas.
O rombo seria, por exemplo, de R$ 4 bilhões se os empreendedores fossem bastante precavidos e deixassem 5% da energia assegurada descontratados. E chegaria a R$ 7,5 bilhões se o hedge fosse de apenas 3% do total disponível. Esses dados consideram a sazonalização, que é a distribuição dos contratos de energia pelos geradores ao longo ao ano.

Quem concentrou maior quantidade de contratos nos primeiros meses de pode ter agora uma conta maior a pagar que quem distribuiu essa energia de maneira mais uniforme. As entidades empresariais do setor ainda não têm um número oficial sobre o impacto econômico da redução da energia disponível das hidrelétricas, mas já se preparam para discutir soluções com o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica.

O problema da exposição involuntária das geradoras no curto prazo foi explicitado na semana passada por executivos da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica e da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Geração de Energia, durante a reunião mensal do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. “É preocupante o cenário sim, porque são quantias vultosas para o padrão dos geradores. O impacto depende do portfólio deles”, explica Mello. Ele compara a situação com a das distribuidoras e lembra que, nessas empresas, o impacto dos gastos com a compra de energia é financeiro, pois, mesmo que não tivessem cobertura agora, em algum momento elas receberiam os valores de volta na tarifa. “Nos geradores o impacto é econômico. Eles não vão ter isso de volta em nenhum momento”. O presidente da Abrage, Flávio Neiva, participa na próxima quarta-feira, 14 de maio, de uma primeira reunião com diretores da Aneel. No mesmo dia, o Conselho de Administração da Apine vai discutir a contratação de consultoria para fazer um diagnóstico da situação do setor, que a associação espera ver concluído, de preferência, em 30 dias. “A gente prefere ter um cálculo que seja neutro, não um cálculo feito por nossos associados. Até para não ser questionado”, afirma o presidente do conselho da associação, Luiz Fernando Vianna.

O executivo admite que os geradores estão preocupados com a exposição, mas observa que ainda é prematuro fazer algum tipo de avaliação sem saber como vai se comportar o GSF ao longo do ano, assim como o Preço de Liquidação das Diferenças. “Esse foi o motivo que nos levou a contratar uma consultoria. Para poder dimensionar exatamente essa questão e pensar em soluções possíveis”, afirmou. Neiva diz que, no momento, só se sabe que existe uma exposição, mas não de quanto ela seria, porque a quantidade da geração tem sido menor que a garantia fisica das usinas.

O executivo admite que há indícios de qual seria o tamanho do prejuízo, mas é cauteloso em relação a qualquer número. Ele afirma que a proposta da Abrage é caracterizar o problema para, então, discuti-lo. “A gente não tem a menor ideia do que poderia ser feito. Tem que ter um tratamento para que os geradores possam suportar isso. Ou modificar o contrato. Aquele argumento de que é risco do negócio não cola”, disse.

Há alguns dias, o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, afirmou que a exposição é um risco a ser assumido pelos geradores. Para o presidente do conselho da Apine, a preocupação maior dos produtores independentes é de que uma eventual campanha de racionalização que leve a reduções voluntárias de consumo seja também complementada por mecanismos que permitam a reduzir os montantes contratados na mesma proporção, como a legislação já prevê em uma situação de racionamento. “Campanha de racionalização que não seja acompanhada de uma redução da carga pode dar problema, agravar a questão da exposição. Dissemos isso no CMSE”. Mello, da Thymos, acredita que a redução do volume contratado pode ser uma solução, desde que não afete a parte compradora, deixando-a exposta.

Fonte: Canal Energia – 13/05/2014

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