Reservatórios baixos já afetam energia produzida no Brasil, diz Goldemberg

A falta de chuva não afetou apenas o abastecimento de água e o sistema Cantareira, mas também a produção de energia no Brasil. Encerrando o dia de palestras no Fórum de Sustentabilidade, já na tarde desta segunda-feira (2), o ex-reitor da Universidade de São Paulo e atual presidente da Comissão de Sustentabilidade da Fecomercio/SP, José Goldemberg, analisou o perfil energético do Brasil.

Segundo Goldemberg, em 2012, 54% da energia gerada no país era não renovável. As hidrelétricas, acrescentou, ficaram muito vulneráveis a mudanças climáticas, o que fez com que o governo tenha de usar as termelétricas como alternativa.

“Houve uma diminuição no tamanho dos reservatórios de cada hidrelétrica por pressão de ambientalistas, por pressão de movimentos sociais, porque os reservatórios alagam grandes áreas e, principalmente, porque custa caro e as empresas não querem fazer. É conveniente para as empresas não cuidar de seus reservatórios”, disse Goldemberg.

O pesquisador afirmou que desde 1985 houve uma queda na relação entre a produção de energia e a área de reservatórios. Enquanto a potência e a demanda por energia elétrica continuaram crescendo exponencialmente ao longo dos anos, o volume de água disponível cresceu pouco, especialmente depois de 2000.

As termelétricas utilizadas quando a seca atingiu as hidrelétricas nos últimos anos, diz Goldemberg, não são muito confiáveis. “Algumas queimam carvão e petróleo, e não gás, o que não é muito bom para o meio ambiente. Outras operaram no máximo de suas capacidades.”

Em relação a mais recente escassez pela qual o Estado de São Paulo passa, Goldemberg é pessimista. “Sabe Deus o que vai acontecer no final do ano se não chover. A possibilidade de que falte energia elétrica é real, absolutamente real.”

Fonte: Folha de S. Paulo – 03/06/2014

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