A probabilidade de que a bandeira tarifária amarela volte a ser cobrada nas contas de luz é considerada baixa entre economistas, que continuam trabalhando com a permanência da bandeira verde ao menos até o fim do ano em suas projeções inflacionárias.
Caso a cobrança adicional de R$ 1,50 para cada 100 kilowatt-hora (KWh) consumidos retorne, o impacto de alta no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2016 seria pequeno, afirmam analistas, de 0,12 a 0,2 ponto percentual.
Com o cenário mais favorável para os preços, a tarifa de energia residencial, que tem peso de 3,66% no indicador oficial de inflação, caiu 7,69% de janeiro a julho. A expectativa, caso a bandeira verde permaneça, é que o patamar de deflação ao redor de 7% seja mantido até o fim do ano. Para agentes do setor elétrico, no entanto, a possível recuperação da demanda e as chuvas abaixo da média nos últimos meses podem trazer de volta a bandeira amarela em setembro.
Essa possibilidade é considerada um risco que poderia mudar a projeção para o aumento do IPCA no ano, de 7,4% para 7,6%, diz Fabio Romão, da LCA Consultores. Caso a mudança de bandeira ocorresse em setembro, a expectativa para o IPCA do mês seria alterada de 0,33% para 0,51%. A consultoria, porém, segue com a perspectiva de que a bandeira verde será mantida, com base em informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Nas projeções da CCEE para setembro, o preço da liquidação das diferenças (PLD, preço do mercado de curto prazo) não ultrapassaria R$ 211 por megawatt-hora (MWh) nem no pior cenário. Esse preço é o gatilho necessário para acionar a bandeira amarela. "No pior cenário, esse patamar seria superado somente em outubro. Por isso, preferimos manter nossa projeção", afirma Romão, para quem a bandeira verde seguirá em vigor pelo menos até o início de 2017.
Matheus Rosignoli, economista do Santander, avalia que as contas de luz ficarão livres de cobranças adicionais por bandeiras ao longo de todo o próximo ano. Mesmo se a alteração para a bandeira amarela ocorrer em algum momento de 2016, destaca Rosignoli, o impacto inflacionário seria reduzido, na ordem de 0,12 ponto, e a tarifa de energia ainda recuaria 4% na média do ano. "Se a bandeira amarela vier, não vai mudar nossa projeção de alta de 7% para o IPCA", diz ele.
Para o economista, o consumo de energia ficará mais pressionado somente no ano que vem, quando a economia deve mostrar recuperação mais expressiva. Neste ano, a queda de 3,5% estimada para o PIB limita qualquer reação mais forte da demanda, diz. A atividade deve voltar a crescer no último trimestre de 2016, afirma Rosignoli, mas em ritmo bastante moderado.
Já Márcio Milan, da Tendências Consultoria, contempla a volta da bandeira amarela em outubro em sua previsão de avanço de 7,4% do IPCA em 2016. Se a cobrança adicional sobre as tarifas voltar no mês anterior, o impacto estimado de 0,14 ponto ocorreria em setembro. "É uma pressão relevante, mas não vai ser surpresa", disse.
Fonte: Valor Econômico
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