Um acordo internacional fechado no sábado, em Ruanda, deverá limitar o uso de gases de efeito estufa emitidos pelos aparelhos de ar condicionado e refrigeradores. O presidente americano, Barack Obama, elogiou ontem o compromisso. Empresas pelo mundo já esperavam por isso e vinham se preparando.
Cerca de 200 países, incluindo EUA, China e Índia, chegaram a um acordo, que exige a eliminação progressiva de poluentes chamados hidrofluorcarbonetos ou HFC, a partir de 2019, com o objetivo de uma redução de 80% em nível mundial até 2047.
Um acordo paralelo foi fechado no ano passado, em Paris, para desacelerar o crescimento das emissões de carbono, os gases de efeito estufa mais importantes emitidos pela queima de combustíveis fósseis. O acordo entrou em vigor no início deste mês.
O acordo sobre os HFC vem na forma de uma emenda ao Protocolo de Montreal, tratado internacional negociado há quase 30 anos para proteger a camada de ozônio da Terra. Ao contrário do pacto de Paris, o acordo desse fim de semana é de cumprimento obrigatório pelos países signatários.
Sergio Chayet, diretor do programa de mestrado em gestão de cadeia de fornecimento na Universidade Washington, em St. Louis (EUA), disse que muitas empresas provavelmente vinham já se preparando para a eliminação desse gás. "Elas estão pensando nisso há muito tempo".
A Chemours, uma empresa de produtos químicos de capital aberto, desmembrada da DuPont no ano passado, disse na semana passada que estava lançando uma nova linha de gases para ajudar a substituir os HFC em alguns sistemas de resfriamento e de refrigeração a ar em escala industrial.
A Johnson Controls, a empresa de atuação global com sede em Milwaukee (EUA), introduziu recentemente dois novos sistemas de resfriamento de edifícios que usam uma alternativa aos HFC. Em comunicado, a empresa comprometeu-se a "continuar a expandir nosso portfólio com resfriamentos altamente eficientes e de baixo potencial [de aquecimento global]."
Para os consumidores, os preços de alguns aparelhos de ar condicionado e refrigeradores poderia subir se a mudança para produtos químicos alternativos empurrar para cima os custos, disse Chayet.
"No curto prazo, algumas destas unidades pode estar fora do alcance de algumas parte da população", disse. "Quando há um acordo como este, você está introduzindo um choque no sistema."
No início deste mês, os países também concordaram em limitar as emissões de carbono da aviação mundial, pela primeira vez.
Os gases HFC representam cerca de 1% das emissões globais de gases de efeito estufa e 1,5% de todas as emissões de gases-estufa dos EUA, segundo a Administração de Informação de Energia, órgão do governo americano.
Mas eles são considerados um dos gases-estufa cujas emissões mais crescem no mundo. A agência prevê que as emissões de HFC podem aumentar até 15% por ano, se elas não estão limitadas.
Fonte: Valor Econômico
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