As mudanças na metodologia de cálculo do preço de energia no mercado à vista só serão válidas a partir de maio do ano que vem. Se tivessem sido aplicadas ao longo deste ano, o Preço da Liquidação das Diferenças (PLD) teria ficado significativamente mais elevado, e a bandeira amarela seria acionada já em setembro, de acordo com um levantamento feito pela Comerc e obtido com exclusividade pelo Valor.
Na primeira semana de setembro, por exemplo, o PLD da região Sudeste foi de R$ 145 por megawatthora (MWh), mas teria sido de R$ 244/MWh se os novos parâmetros já estivessem sendo utilizados. Já o custo marginal da operação (CMO), que mede o custo real de operação do sistema, teria subido de R$ 156/MWh em setembro no Sudeste para R$ 278/MWh. A bandeira amarela é acionada quando o custo da termelétrica mais cara despachada no sistema é superior a R$ 211/MWh.
Segundo Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc, a equipe técnica da comercializadora usou os dados das primeiras semanas de maio, julho e setembro e atualizou os parâmetros de risco para os que serão adotados a partir de 2017, em uma tentativa de avaliar qual teria sido o impacto se a mudança já estivesse em vigor neste ano.
Para o ano que vem, o viés dos preços é de alta, mas tudo vai depender do comportamento das chuvas durante o período chuvoso, explicou Vlavianos.
O cálculo do PLD é feito semanalmente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), considerando as perspectivas de geração de energia futura a partir do cenário atual.
O Ministério de Minas e Energia (MME) aprovou recentemente a utilização de novos parâmetros de aversão ao risco nesses modelos a partir de maio de 2017. Com a alteração, os cenários mais pessimistas de chuvas terão um peso maior nesses cálculos. A outra mudança, que já entrará em vigor em janeiro de 2017, é a utilização de um patamar único para representação do custo de déficit, que é o custo do não atendimento de carga, que será aplicado no planejamento da operação e na formação de preço.
Na simulação dos dados da primeira semana de setembro, apenas o novo patamar de custo de déficit, que entrará em vigor em janeiro, teria levado o PLD do Sudeste para R$ 167/MWh. O preço de R$ 244/MWh aconteceria quando considerada também a aplicação da mudança dos parâmetros, que passam a valer em maio.
A simulação da Comerc mostrou que, com os novos parâmetros, o PLD médio de R$ 86/MWh da região Sudeste de maio teria sido de R$ 176/MWh. Em julho, o preço teria saído de R$ 73/MWh na região para R$ 135/MWh.
A Comerc fez ainda uma projeção para novembro, considerando as previsões mais recentes de chuvas e demanda, resultando em um PLD de R$ 219/MWh em todo o país. Quando consideradas as novas premissas do preço, porém, esse valor sobe para R$ 375/MWh.
"A realidade dos preços só vamos saber no fim do período chuvoso, por volta de março, quando soubermos exatamente como foi o período úmido e a recuperação das ENAs [energia natural afluente]", disse Vlavianos.
Sem uma chuva constante para recuperação dos níveis dos reservatórios no período chuvoso, será difícil que se recuperem durante o restante de 2017, disse ele.
Fonte: Valor Econômico
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