A Eletrobras pretende reduzir sua alavancagem pela metade até o fim do ano que vem, com uma estratégia que vai combinar redução de investimentos, privatizações das distribuidoras de energia e vendas de participações minoritárias, além de ganhos de eficiência.
A estatal divulgou na sexta-feira seu Plano Diretor de Negócios e de Gestão 2017- 2021, que prevê investimentos da ordem de R$ 35,8 bilhões para o período, baixa de 29% em comparação aos R$ 50,3 bilhões previstos pelo plano anterior, que ia de 2015 a 2019. A maior parte dos investimentos previstos serão destinados ao segmento de geração de energia, segundo a apresentação do plano disponibilizada pela estatal.
Além disso, prevê levantar cerca de R$ 4,6 bilhões com a venda de participação nas sociedades de propósito específico (SPEs) nas quais é minoritária, por meio do exercício de "tag along" (extensão do prêmio de controle a minoritários) e também com a venda de imóveis administrativos.
A venda da Celg Distribuição (Celg D) deve resultar no ganho de R$ 913 milhões para o caixa da estatal ainda neste ano, e há ainda a privatização das demais distribuidoras do grupo, prevista para acontecer em 2017.
Por meio desses esforços e de outras estratégias para aumentar a eficiência e reduzir custos operacionais, a estatal espera começar 2018 com uma relação entre dívida líquida e resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 4 vezes.
"O principal elemento que direciona nossa estratégia é o elevado endividamento atingido pelas nossas operações", disse Wilson Ferreira Junior, presidente da estatal, em teleconferência para apresentação do plano. Ao fim de setembro, a alavancagem da Eletrobras estava em 8,7 vezes.
"Desde 2012 até hoje, enfrentamos um processo de baixa eficiência operacional. Temos custos operacionais de geração e transmissão maiores que os 'benchmarks' e que os custos regulatórios nos ativos renovados. Todas nossas distribuidoras têm custos operacionais maiores que os regulatórios", disse Ferreira.
A intenção do plano é diminuir a dívida líquida em 13%, ou R$ 3 bilhões, a partir da redução da dívida bruta e do aumento da disponibilidade de caixa.
Para os próximos anos, do total de recursos a serem desembolsados, 42,5% virão de indenizações que a estatal espera receber nos próximos anos. Novos financiamentos vão representar 32,5% dos volumes. Financiamentos já contratados respondem por 15,3% dos investimentos, e recursos próprios vão somar 5,7%.
Entre as ações para a redução do endividamento da companhia estão a privatização das distribuidoras de energia, desmobilização de ativos e reestruturação societária. Em relação à reestruturação societária, a companhia espera aproveitamento de créditos fiscais no âmbito de operações estruturadas.
Esses não são os únicos desafios que a estatal elétrica tem pela frente. O plano prevê, por exemplo, o equacionamento da dívida com a Petrobras, referente à compra de combustíveis para geração de energia, que já chegou a R$ 6,6 bilhões ao fim do terceiro trimestre.
Será implementada também uma reestruturação organizacional até fevereiro de 2017, com uma economia estimada no ano que vem de cerca de R$ 67,8 milhões, a fim de reduzir o número de funções gratificadas de assistentes e assessores e também de gerências.
A Eletrobras negocia ainda com a União a realização de um plano de aposentadoria incentivada. Já foram identificados 4.937 funcionários elegíveis. Segundo Ferreira, a ideia é ter o plano desenhado até meados de dezembro. Dessa forma, as adesões poderão ser feitas até o início de fevereiro de 2017.
Fonte: Valor Econômico
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