Condições hidrológicas desfavoráveis poderão levar a aumento do uso de usinas térmicas

Em reunião realizada nesta semana, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) avaliou que as condições hidrológicas desfavoráveis poderão levar a um aumento do uso de usinas térmicas, significando um aumento no custo da operação do sistema nos próximos meses. O Comitê decidiu, no momento, não acionar despachos térmicos adicionais.

Conforme avaliação realizada pelo ONS, o risco de qualquer déficit de energia em 2017 é igual a 0,3% e 0,0%, para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, respectivamente, considerando a configuração do sistema do PMO de março de 2017.

O Comitê também avaliou os dados referentes ao Horário de Verão 2016/2017, apresentados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O MME e o ONS vão aprofundar os estudos referentes à medida.

Veja a íntegra da nota emitida pelo CMSE.

Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE)

Nota Informativa – 08 de março de 2017

O CMSE esteve reunido nesta quarta-feira, 08 de março de 2017, com o objetivo de analisar as condições de suprimento eletroenergético em todo o território nacional, e divulga, de forma preliminar, os principais pontos tratados pelo colegiado:

Condições Hidrometeorológicas e Energia Armazenada: O ONS destacou que, referente à última reunião do Grupo de Trabalho MCTIC/MME sobre Previsão Meteorológica Estendida, não há previsão de nenhuma situação com alto potencial pluviométrico nos próximos 30 dias nas principais bacias do SIN. O Oceano Pacífico não deve influenciar significativamente o regime pluviométrico nos próximos meses. Por outro lado, o Oceano Atlântico deve influenciar negativamente as chuvas do norte da Região Nordeste (incluindo o baixo São Francisco), nos próximos três meses.

O ONS apresentou também que, em termos de Energia Natural Afluente – ENA bruta, foram verificados no mês de fevereiro de 2017 os valores de 71% no Sudeste/Centro-Oeste, 102% no Sul, 33% no Nordeste e 77% no Norte, referenciados às respectivas médias de longo termo – MLT.

Ao final do mês de fevereiro de 2017, foi verificada Energia Armazenada – EAR de 40,3%, 51,7%, 20,0% e 47,4% nos reservatórios equivalentes dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente, referenciados às respectivas EAR máximas. Os valores esperados de armazenamentos equivalentes ao final do mês de março são: 45,9% no Sudeste/Centro-Oeste, 49,6% no Sul, 23,1% no Nordeste e 65,8% no Norte. Estes valores recuam, quando avaliado o limite inferior da previsão, para: 41,5% no Sudeste/Centro-Oeste, 41,3% no Sul, 21,2% no Nordeste, 64,5% no Norte.

Foi também apresentado estudo prospectivo do armazenamento equivalente do subsistema Sudeste/Centro-Oeste. Considerando os valores esperados e limites inferiores das ENAs, a energia armazenada neste subsistema varia entre 9,0% e 33,2% ao final do mês de novembro de 2017, bastante dependente das condições hidrológicas do subsistema Sul.

Análise de Risco: O risco de qualquer déficit de energia em 2017 é igual a 0,3% e 0,0%[1], para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, respectivamente, considerando a configuração do sistema do PMO de março de 2017.

Entretanto, apesar de assegurado o abastecimento de energia para o ano de 2017, as condições hidrológicas desfavoráveis deverão levar a despachos térmicos mais volumosos, significando um aumento no custo da operação do sistema.

Operação hidráulica do Rio São Francisco: O ONS apresentou simulações de expectativa de armazenamento nas UHEs Três Marias, Sobradinho e Itaparica ao longo do período seco. Sugeriu recomendar aos órgãos competentes, com base na sua experiência em operação integrada de reservatórios, a adoção de patamar de defluência inferior aos 700 m³/s a partir da UHE Sobradinho para preservação dos estoques armazenados para garantia da segurança hídrica da região, tendo em vista a grave situação hidrometeorológica desta bacia. Estas simulações serão apresentadas na próxima reunião de acompanhamento da operação dos reservatórios do rio São Francisco, sob a coordenação da ANA e com ampla participação de representantes do Poder Público, usuários e sociedade civil.

O CMSE destacou o papel fundamental dos reservatórios na mitigação dos riscos de indisponibilidade e de baixa qualidade da água aos usuários do rio São Francisco, principalmente em situações de escassez como a vivenciada atualmente. Ratificou novamente a necessidade de ser compartilhada a responsabilização das ações decorrentes de flexibilizações nas defluências mínimas. Além disso, ressaltou que o atendimento eletroenergético no Nordeste está garantido a partir de outras fontes de geração e pelo SIN.

Horário de Verão: O Comitê também avaliou os dados referentes ao Horário de Verão 2016/2017, apresentados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O MME e o ONS irão aprofundar os estudos referentes à avaliação de impacto desta política pública no sistema elétrico brasileiro, considerando as mudanças no perfil e na composição da carga.

Expansão da Geração e Transmissão: Em fevereiro, entraram em operação comercial 174,5 MW de capacidade instalada de geração, 12 km de linhas de transmissão e conexões de usinas e 1.497 MVA de transformação na Rede Básica. Assim a expansão do sistema no ano 2017, até o mês de fevereiro, totalizou 1.354,44 MW de capacidade instalada de geração, 309 km de linhas de transmissão de Rede Básica e conexões de usinas e 2.055 MVA, de transformação na Rede Básica.

Grupo de Trabalho – GT Atendimento a Roraima: A Secretaria de Energia Elétrica do MME apresentou o plano de ação das atividades do grupo de trabalho criado pelo CMSE na última reunião, para avaliação do suprimento de energia elétrica a Roraima. O grupo de trabalho analisará alternativas que contribuam para aumentar a confiabilidade, a segurança e a eficiência do suprimento de energia à região, no curto, médio e longo prazos. Serão analisadas opções de expansão da geração na região, de modo a reduzir ou até mesmo substituir geração a diesel, incluindo avaliação de fontes eólica, biomassa, solar, hidrelétrica, PCH, sistema de armazenamento e geração distribuída, dentre outras. O grupo de trabalho deverá aprofundar a análise de cada uma das opções, bem como considerar o formato de contratação e remuneração, e apresentar os resultados ao CMSE.

O CMSE, na sua competência legal, continuará monitorando, de forma permanente, as condições de abastecimento e o atendimento ao mercado de energia elétrica do País. As definições finais sobre a reunião do CMSE de hoje serão consolidadas em ata devidamente aprovada por todos os participantes do colegiado e divulgada conforme o regimento.

Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

Estes resultados são obtidos nas simulações do modelo Newave para séries sintéticas, considerando em seus parâmetros que não há racionamento preventivo, sem tendência hidrológica, térmicas por mérito e apenas um patamar de déficit. Para séries históricas, o valor do risco de qualquer déficit é igual a 0,0%, para os subsistemas SE/CO e NE.

Fonte: Ambiente Energia

No comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *







×