Queda de preço reduz impacto do GSF a R$ 13 bi

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) voltou a reduzir a estimativa de impacto previsto para o déficit de geração hídrica (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês) para R$ 13,1 bilhões neste ano, sendo R$ 9,3 bilhões no ambiente de contratação regulado (das distribuidoras de energia) e R$ 3,8 bilhões na negociação livre.

 

A projeção representa um impacto negativo inferior ao previsto pela CCEE em junho, de um impacto negativo de R$ 20,9 bilhões, sendo R$ 14,2 bilhões no mercado regulado e R$ 6,7 bilhões no mercado livre.

 

A mudança se deu pela redução do preço de liquidação das diferenças (PLD, preço referência das negociações no mercado livre de energia) previsto para este ano. A CCEE prevê um PLD médio de R$ 189 por megawatt-hora (MWh) no submercado Sudeste/Centro-Oeste, o maior do país.

 

Em junho, a expectativa era de um PLD médio de R$ 263 o MWh para o ano nessa região. As informações constam na apresentação do boletim InfoPLD, feita ontem pela CCEE.

 

Nesta primeira semana de julho, o PLD de todo o país foi fixado em R$ 233,32 o MWh, acima dos preços médios de junho. No submercado Sudeste/Centro-Oeste, o PLD médio do mês passado foi de R$ 124,70 o MWh.

 

Segundo a CCEE, o PLD deve ficar na faixa de R$ 150 o MWh a R$ 200 o MWh até outubro deste ano, antes de ter uma ligeira queda entre novembro e dezembro, quando volta o período chuvoso do ano. A expectativa é de que o preço volte a crescer a partir de janeiro do ano que vem, para em torno de R$ 200 o MWh.

 

O déficit hídrico previsto para o ano é de 14,3%. A previsão do impacto financeiro do GSF leva em conta esse percentual e o PLD esperado para o período.

 

O GSF se torna um problema para as companhias hidrelétricas quando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reduz o despacho das usinas para preservar os níveis dos reservatórios, como resposta à crise hídrica.

 

Se uma usina tem 100 MW médios de garantia física e o GSF médio do período for de 20%, essa usina só vai poder gerar, no mundo comercial, 80 MW médios – mesmo que tenha gerado mais que isso no mundo físico, pois todas as usinas fazem parte do mesmo "condomínio", o Mecanismo de Realocação de Energia (MRE). Se essa usina tiver contratado 95 MW médios, ela terá uma exposição de 15 MW médios no mercado livre. Normalmente, essa esse volume é liquidado pelo PLD. Daí vem a estimativa da CCEE.

 

Não necessariamente esse valor corresponde ao custo total que as empresas terão no ano com o GSF. No mercado regulado, por exemplo, o governo editou uma lei que permitiu que as hidrelétricas comprem um "seguro", e transfiram o risco hidrológico para o consumidor.

 

No mercado livre, esse seria o efeito contando a contratação total das empresas, mas a maior parte delas já tem algum tipo de estratégia de alocação de energia ou de volume contratado para fazer frente à exposição ao PLD.

 

Além disso, a maior parte das usinas hidrelétricas no mercado livre conta com liminares que limitam os efeitos do GSF a zero ou 5% de suas garantias físicas. Por esse motivo, a CCEE tem hoje cerca de R$ 1,6 bilhão travado, montante correspondente aos valores protegidos pelas decisões judiciais.

 

O governo negocia uma solução para repactuar o GSF do mercado livre para que as companhias abram mão das liminares. Como contrapartida, as usinas pedem a extensão das suas concessões de forma proporcional à exposição de cada uma ao risco hidrológico, mas ainda não houve uma decisão nesse sentido.

 

Fonte: Valor Econômico.

 

No comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *







×