O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que, mesmo em meio à maior incerteza política, a trajetória de queda da inflação e dos juros vai continuar. “Afirmamos que há mais incerteza – isso se refere ao ajuste, às reformas econômicas. Mesmo levando em consideração essa maior incerteza, falamos que a trajetória de queda de inflação e juros vai continuar. Alguém pode ter interpretado que estávamos nos referindo à direção. Mas o que se discute é o ritmo”, comentou em entrevista para a revista “Época”.
Segundo Ilan, a deflação no IPCA de junho se deu por fatores pontuais, como a queda da energia elétrica, gasolina e alimentos, e não deve se repetir. O presidente do BC comentou ainda que as características subjacentes da inflação não mudaram nos últimos anos. Para ele, a grande diferença desde que assumiu a direção da entidade foi a questão das expectativas de inflação. “Dizem que a recessão está baixando a inflação. É verdade. Mas a recessão já existia. Tem de ter algum elemento a mais. Acho que tem a ver com as expectativas, a diferença que ocorreu.”
De acordo com ele, mesmo quando a atividade econômica se recuperar, a inflação não voltará para patamares elevados. “Mesmo quando voltarmos ao pleno emprego, e vamos voltar, acreditamos que [a inflação] não vai subir nem baixar. Vai ficar, esperamos, dentro da meta.”
Na entrevista, Ilan também defendeu a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP), que substituirá a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e foi criticada recentemente pelo novo presidente do IBGE, Paulo Rabello de Castro. “Essa medida é gradual, só daqui a cinco anos [termina a transição], não mexe no estoque [nas taxas de contratos já negociados], quem já teve vai continuar até acabar o estoque. É algo bem sereno, gradual, racional, que nos leva na direção correta”, argumentou.
Fonte: Valor Econômico.
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