As distribuidoras de eletricidade que operam no Brasil devem voltar neste ano a buscar novos contratos para atender à demanda futura de seus clientes, após passarem 2016 sem contratar nenhum novo megawatt devido a uma forte queda no consumo em meio à recessão econômica.
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, disse à Reuters que a expectativa vem após uma série de medidas do governo que permitiram às empresas do segmento se livrar de sobras contratuais geradas pela crise.
Com permissão para negociar redução de contratos junto a geradores, um leilão que cancelou projetos que não saíram do papel e outras medidas, as distribuidoras devem conseguir fechar 2017 com sobrecontratação de 4,7 por cento, ante expectativa no início do ano de sobras de até 15 por cento, segundo a Abradee.
O nível agora estimado já fica dentro de uma regra que prevê que os custos das distribuidoras com sobras contratuais de até 5 por cento podem ser repassados às tarifas dos consumidores, evitando risco de prejuízo para as empresas.
“O efeito final disso tudo… é que a sobrecontratação não vai mais gerar impacto negativo no caixa das distribuidoras neste ano”, disse Leite.
A Abradee, que representa as elétricas junto ao governo, prevê que uma leve sobrecontratação deve continuar até 2021, quando seria de 2,7 por cento, enquanto a partir de 2022 as sobras seriam zeradas.
Enquanto isso, os leilões de energia para contratação de novas usinas agendados para dezembro deste ano, o A-4 e o A-6, buscam viabilizar empreendimentos para entrada em operação a partir de 2021 e 2023, respectivamente.
“Vai ter demanda, sim… e a demanda do A-6 com certeza será maior que a demanda do A-4”, disse Leite, sem estimar montantes.
Ele explicou que talvez nem todas distribuidoras precisem comprar energia para atender seus clientes a partir de 2021, embora algumas devam ter essa demanda, enquanto a partir de 2023 a expectativa é de uma necessidade de compra bem maior.
O analista de mercado da comercializadora Safira Energia, Lucas Rodrigues, também estima uma maior participação das distribuidoras no leilão A-6.
“Para 2021 já vai ter uma necessidade. Já é um ano em que a oferta começa a ficar justa, e em 2023, com certeza (haverá ainda mais demanda)”, disse.
O analista, no entanto, não acredita que os certames irão envolver um montante realmente significativo de contratação. “Não diria que vai ser fraco, mas também não diria que vai ser tão robusto”.
Disputa forte
Por parte dos geradores, por outro lado, a procura pela licitação deverá ser forte, uma vez que há tempos eles não têm oportunidade de viabilizar novos projetos em leilões regulados, que oferecem contratos de longo prazo.
No ano passado, um leilão chegou a ser cancelado poucos dias antes da data prevista, quando o país enfrentava uma recessão.
“Possivelmente a demanda não vai ser tão alta como já foi tempos atrás, e isso naturalmente já aumenta o nível de competição (entre os geradores) no leilão… como não teve leilões recentemente, você pode ter uma demanda represada de projetos com interesse de participar”, disse o presidente da CPFL Geração, Fernando Mano.
O leilão A-4 será em 18 de dezembro, enquanto o A-6 está agendado para 20 de dezembro.
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Fonte: Exame.
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