Níveis de reservatórios preocupam e podem elevar as tarifas de energia

A diminuição da capacidade de reservatórios de hidrelétricas preocupa diante da perspectiva de retomada da economia. Especialistas descartam risco de desabastecimento de energia no curto prazo, porém, a alta da demanda pode causar aumento da tarifa.

Os recentes investimentos em usinas hidrelétricas sem reservatórios diminuiu a capacidade do sistema e o tornou mais dependente das chuvas. Alguns atrasos em obras deixaram o setor hídrico estagnado. A oferta cresce significativamente apenas através de fontes intermitentes, como eólica e fotovoltaica, mais caras e menos confiáveis, por não armazenarem energia. “Existe uma sobra entre oferta e demanda, mas está diminuindo a cada ano. E essa sobra é ilusória, pois depende das fontes intermitentes”, afirma o diretor da Brasil Comercializadora de Energias, Eli Elias, em evento na União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). “Não há risco de desabastecimento, mas para o atendimento de ponto, o custo de operação será maior, o que significa energia mais cara”.

Em um momento de aumento repentino de consumo ou de crise hídrica, o acionamento de usinas de fontes alternativas se faz necessário. Isso encarece a operação e pode até colocar o abastecimento em risco, caso a fonte intermitente não esteja operando. A outra opção é o uso de termelétricas, que além de poluidoras, também são mais caras.

“Para o atendimento do consumo de ponta, as hidrelétricas têm uma rampa de geração. Ela não pode oferecer esse aumento de uma hora para outra”, explica o gerente de bioeletricidade da Unica, Zilmar José de Souza.

Além da geração eólica e solar, Elias aponta que hidrelétricas “a fio d’água”, como são chamadas as usinas que não possuem ou têm reservatórios em dimensões reduzidas, também podem ser consideradas como uma fonte intermitente. “Elas podem não estar disponíveis o tempo todo”. Projetos mais recentes, como Belo Monte e Jirau, adotaram esse modelo, o que impede acúmulo de estoque de água na barragem e diminuiu a capacidade de armazenamento do Brasil. Em sua apresentação no evento da Unica, o diretor da Brasil Comercializadora demonstrou que, embora as condições hidrológicas de 2018 no Sudeste sejam melhores que nos últimos anos, existe uma semelhança com o ano de 2012, ano do início da crise hídrica. “E agora temos condições de reservatórios piores”.

Insegurança Política

Para os analistas, as alterações propostas pelo governo não resolvem os atuais problemas no curto e médio prazo. O ano eleitoral também causa temor de uma descontinuidade das atuais políticas e projetos.

“Espero que pelo menos o núcleo técnico atual do Ministério de Minas e Energia seja mantido”, diz Elias. “Mas não temos garantias, vai depender da eleição”, pontua.

No início de fevereiro, o MME encaminhou para a Presidência da República um projeto de lei que trata da reforma do setor elétrico. O texto foi baseado na Consulta Pública 33 e reúne uma série de propostas debatidas para aprimoramento do mercado.

Zilmar aponta que um dos pontos da discussão é valorar fontes de energia confiáveis. “O texto aponta para a necessidade de estudos para o futuro e a valorização de fontes confiáveis. Esperamos que isso aconteça”. O projeto de lei ainda não foi estruturado para se apresentado ao congresso.

 

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Fonte: DCI.

 

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