A ideia de reunir todos os setores interessados para discutir a melhor maneira de administrar os recursos hídricos disponíveis no Brasil começa aos poucos a ganhar espaço, diante dos desafios expostos pela crise hídrica dos últimos anos. No Ministério de Minas e Energia, já se discute a questão, e uma das sugestões da área técnica é que haja articulação entre o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e o Conselho Nacional de Politica Energética para construir mecanismos capazes de possibilitar a construção de novos reservatórios de regularização, com a participação de setores como energia, irrigação, saneamento e indústria.
“O ministério tem trabalhado tecnicamente. O monitoramento identificou a necessidade de avançar nesse tema, porque em todos os setores o conflito tem aumentado com essa questão da escassez e dos eventos climáticos extremos. E a questão da água se tornou extremamente importante”, disse o gerente de Projetos do Departamento de Monitoramento do Sistema Elétrico do MME, Igor Souza Ribeiro.
A proposta foi debatida em evento paralelo ao Fórum Mundial da Água, organizado pelo Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico, Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas (AbraPCH) e Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel). O Fórum da Água foi realizado na semana passada, em Brasilia.
O técnico do MME explica que a ideia é contribuir para a mitigação desses conflitos, ao envolver na discussão tanto usuários, quanto a área de pesquisa, organismos não governamentais e o governo federal. O governo, segundo ele, precisa se articular melhor para conduzir o debate sobre o tema.
Ribeiro lembrou que o setor elétrico promoveu a construção de reservatórios de acumulação no pais e sempre foi um grande apoiador da gestão dos recursos hídricos. “Há potencial para fazer novos reservatórios de acumulação, há espaço disponível, e isso precisa se estudado”, defende o técnico.
O presidente da AbraPCH, Paulo Arbex, destaca que ha consenso em relação a necessidade de retomada da construção de reservatórios para uso múltiplo da água, até para não estressar e não colocar em risco os recursos hídricos. “Nada impede uma empresa de saneamento básico construir um reservatório onde não há interesse ou característica topográfica pra gerar energia. Nada impede um agricultor de construir o seu acude. Mas tem algumas vantagens de o setor elétrico fazer. Primeiro porque o setor elétrico e o que tem o melhor know how, a melhor tecnologia de construção de reservatórios com toda segurança e eficiência”, pondera Arbex.
O executivo afirma que, além de construir mais barato, as empresas do setor tem a experiência de operar e de fazer a manutenção com segurança dessas barragens. “Se você começar a permitir que um agricultor construa, o que não é o ramo dele, e um complicador. Não é impossível, mas é preciso tomar cuidado com a segurança”, diz Arbex. Ele afirma que nos últimos 15, 20 anos houve “uma demonização quase que dogmática de reservatórios, como se água em reservatório fosse problema, como se lago fosse um problema”. “Na natureza, até animal faz reservação”, argumenta.
“Nada como uma boa crise hídrica para trazer todos os setores para conversar em volta da mesa”, afirmou o superintendente de Regulação da Agência Nacional de Águas, Rodrigo Ferreira Alves, durante o debate do Fórum da Água. O representante a ANA acredita que o caminho é reunir as partes interessadas em volta da mesa, com uma abordagem propositiva. Pouco antes, representantes da área de energia haviam afirmado que a gestão dos recursos hídricos no Brasil tem sido feita às custas do setor elétrico.
Alves afirmou que a ANA é favorável a construção de grandes reservatórios no país, tecla em os geradores de energia elétrica e representantes do MME e de outros órgãos do setor tem batido há muito tempo. A autarquia montou uma sala de crise que, segundo o técnico, tem dado resultados além do imaginado. “A busca é para criar espaços em que a gente possa buscar alternativas. A crise hídrica esta ofertando oportunidades”, reforçou o superintendente.
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Fonte: Canal Energia.
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