Reservatórios caminham para nível crítico

Os reservatórios das hidrelétricas do país podem chegar a dezembro com cerca de 23,1% do seu volume útil, em média, segundo projeções da consultoria Thymos Energia. O nível é baixo para o período. O cenário conta com a continuação do despacho de termelétricas fora da ordem de mérito (aquelas usinas com custo de geração superior ao preço do mercado à vista) até o fim de novembro, quando termina o período seco.

Segundo a consultoria, caso o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decida desligar essas térmicas antes disso, o cenário dos reservatórios pode ser pior. Desde o início de setembro estão sendo despachadas as termelétricas com custo de geração inferior a R$ 766,28 por megawatt-hora (MWh). A remuneração dessas usinas é feita por meio dos Encargos de Serviços do Sistema (ESS), pagos por todos os consumidores. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) estima que esses encargos custem R$ 265 milhões ao consumidor neste mês.

Ano passado, o CMSE só decidiu acionar as termelétricas fora da ordem de mérito em novembro, quando o período seco se aproximava do fim e os reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) estavam, em média, com 19% do volume útil.

"A antecipação do acionamento das usinas fora da ordem de mérito é indício de um cenário igualmente crítico para os reservatórios no fim do período seco deste ano. Os níveis podem ficar mais baixos que os registrados em 2001 (cerca de 23,5%), ano em que ocorreu racionamento", disse a Thymos, em nota.

Para Daniela Souza, consultora na Thymos, não há risco de falta de energia, mas o impacto na conta de luz pode ser grande. "A situação tornou necessário o despacho de termelétricas ainda mais caras para garantir a segurança do sistema", explicou.

Pelas projeções da Thymos, os reservatórios das usinas vão atingir 27,4% do volume útil em setembro, 24,4% em outubro e 23,1% em novembro.

No subsistema Sudeste/Centro-Oeste, onde estão concentradas as maiores hidrelétricas com reservatórios, a previsão é que, em novembro, os reservatórios cheguem a 19,7% do volume útil. O patamar é ligeiramente maior que o registrado em outubro do ano passado, de 17,61% do total. Em relação a novembro de 2001, quando o país enfrentava o racionamento, o patamar é inferior. Naquela data, os lagos das hidrelétricas estavam com 23,19% do volume útil.

No Nordeste, onde a seca foi mais severa nos últimos anos, a projeção é ligeiramente melhor, com lagos das usinas com 22,6% do total. O cenário é muito melhor que o de novembro de 2017, quando os reservatórios das usinas atingiram 5,49% do volume útil, abaixo de novembro de 2001, quando estavam em 8%.

Ao mesmo tempo em que os reservatórios das usinas seguem com tendência de queda, o preço de liquidação das diferenças (PLD, cotação de referência para as operações de energia no mercado à vista), porém, segue em baixa. Na sexta-feira da semana passada, a CCEE informou retração de 10% no PLD de todo o país, que atingiu R$ 441,87/ MWh. Os preços serão válidos do período de 22 a 28 de setembro.

Segundo a Thymos, o PLD deve chegar a R$ 265/MWh em novembro. As previsões hidrológicas de médio prazo são favoráveis, pois contam com uma aproximação de um período úmido com condições próximas da média histórica, o que não acontece há alguns anos no país.

A antecipação da conclusão das obras do linhão que escoa a energia das hidrelétricas do rio Madeira (RO) também reforça a expectativa de redução de preços, uma vez que vai permitir a entrada integral da energia gerada nessas usinas no sistema.

 

 

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Fonte: Valor Econômico.

 

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