Torres: “Temos muita preocupação quanto à sobrevivência do segmento de PCHs”


Expansão das pequenas hidrelétricas ficou 23% abaixo do resultado de 2022 e a presidente da Abrapch pede a volta dos leilões de energia nova.

O ano de 2023, em termos de expansão do segmento de PCHs e CGHs, foi difícil. A opinião, de Alessandra Torres, presidente da Abrapch, retrata os temores da entidade quanto ao futuro da fonte dentro do espectro geral do SEB, principalmente quanto a novos projetos.

“Foi um ano muito ruim, um ano de baixas e temos muita preocupação quanto à sobrevivência do segmento de PCHs porque não estamos vendo como viabilizar esses empreendimentos”, afirmou. As estatísticas da Aneel mostram que no ano passado apenas 11 PCHs e três CGHs foram integradas ao ACL, totalizando 169,4 MW, uma queda de 23% em relação aos 220 MW do já ruim 2022.

“Ficou muito aquém do que a gente tem de potencial, do que poderíamos acrescentar ao sistema”, lamentou a executiva. E, o que é pior, a falta de leilões de energia nova no ACL, resultado da sobrecontratação das distribuidoras que ainda perdura, terá efeito negativo na expansão do segmento nos próximos anos. “Hoje, uma PCH não ainda não se viabiliza no mercado livre”, constata Torres.

O ano de 2023 começou promissor para as PCHs, com 41,9 MW liberados para operação comercial em janeiro, provenientes das PCHs Águas da Serra (22,5 MW), em Santa Catarina, e Boa Vista II (16 MW), no Paraná, além da CGH Pacífico Mascarenhas (3,4 MW), em Minas Gerais.

No final do primeiro semestre a potência liberada já somava 133 MW, mas no segundo semestre a evolução foi pequena, com acréscimo de somente mais 36,9 MW, sendo os últimos 9,8 MW representados pelas duas unidades geradoras (UGs) de 4,9 MW cada da PCH Tio Hugo, no Rio Grande do Sul, liberada no dia 30 de dezembro.

Os dados da Aneel de 2023, de certa forma, jogaram um balde de água fria sobre as expectativas de recuperação pós-pandemia acenadas com o número de 2022 que foi 85% maior do que os 119 MW de 2021.
Na realidade, exceto por esse dado mais alentador de 2022, a entrada de novas PCHs/CHGs no ACL tem estado longe das expectativas desde o período áureo de 2007 a 2013, quando a média de liberações foi de 418 MW por ano, com pico de 643 MW em 2008.

Em 2023 a capacidade adicionada pelo segmento representou apenas 1,64% dos 10.324,2 de todas as fontes somados à matriz elétrica brasileira. “A nossa expectativa é que em 2024 aconteçam leilões, porque nossa fonte, diferentemente de outras, precisa de previsibilidade para estimular os investimentos, precisa da nossa cadeia produtiva”, ponderou Torres.

A presidente da Abrapch disse ainda ao EnergiaHoje que o segmento segue sofrendo com a demora nos processos de licenciamento ambiental, considerando contraditório que uma PCH, produtora de energia 100% limpa, possa levar até oito anos para ser liberada enquanto uma térmica a combustível fóssil é liberada em até seis meses.

Torres manifestou expectativa de que a escolha da ex-secretária Executiva do MME Marisete Dadald para presidir a Abrage, a entidade que congrega das grandes geradoras hidrelétricas, possa, dada a sua experiência no setor elétrico, abrir caminho para um renascimento do interesse pelas hidrelétricas.

Na sua avaliação, as hídricas seguem sendo a base mais firme para a expansão das fontes variáveis e para a transição rumo a uma matriz energética de baixo carbono. “Ainda temos um potencial enorme a ser desenvolvido”, ressaltou.

Por Brasil Energia.
https://energiahoje.editorabrasilenergia.com.br/torres-temos-muita-preocupacao-quanto-a-sobrevivencia-do-segmento-de-pchs/

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