Segundo Adolfo Sachsida, o Brasil tem energia barata, mas uma conta muito cara
Em encontro com empresários em São Paulo, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, atacou os subsídios que ano a ano vem elevando a conta de luz do consumidor brasileiro. Segundo ele, o Brasil tem energia barata, mas uma conta muito cara.
No entendimento de Sachsida, a situação de uma conta de luz que pesa tanto no bolso dos brasileiros deriva de subsídios e protecionismo a determinados grupos e setores em detrimento dos mais pobres. Ele enfatizou que uma solução via mercado é mais viável.
“A CDE [Conta de Desenvolvimento Energético] começou com R$ 8 bilhões e já está com R$ 32 bilhões e vão entrar mais R$ 8 bilhões”, disse o ministro em referência às emendas feitas na Medida Provisória 1.118 que prevê a prorrogação de 24 meses de benefícios a projetos renováveis.
“Subsídio não é o caminho, a solução se dá via mercados que são mais eficientes e esse é o Norte que procuraremos manter. Vou trabalhar nesse sentido”, prometeu. Para ele, é melhor deixar para o mercado decidir qual a prioridade do setor.
Ele lembrou ainda que os subsídios, como os da geração distribuída (GD) ou geração própria, têm onerado os mais pobres em favorecimento a quem pode pagar por sistemas de geração própria, numa espécie de transferência de renda injusta e prejudicial aos mais pobres. Sachsida defende que o mercado livre de energia em que o consumidor pode escolher a fonte de energia que quer usar é o caminho que o Brasil deve seguir.
“Hoje, pessoas de alta renda têm conseguido acesso a GD sendo subsidiados pela população de baixa renda. Será que está correto isso? Então eu faço uma provocação: não vamos taxar o sol dos mais pobres. O sol dos mais pobres tem nome: mercado livre”, afirmou o ministro em referência às compensações de parte da tarifa de energia elétrica concedidas a quem produz a própria energia.
O presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Guilherme Chrispim, discorda da análise do ministro. Ao Valor, o executivo disse que a geração distribuída é o modelo de produção energética mais democrático do Brasil.
“Prova disso é que, atualmente, cerca de 80% da potência instalada dessa modalidade são provenientes da microgeração, ou seja, dos pequenos sistemas de geração, que possuem em média 5 kW. Esse sistema é acessível e há linhas de financiamento que possibilitam a adesão de toda a população. Além de contratar um sistema de energia limpa e renovável, o consumidor passa a ter uma energia mais barata do que a contratação comum”.
Já o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, avalia que a fala do ministro é incompleta e incorreta e o que foi dito não confere com os números da GD em relação aos benefícios ao setor elétrico.
“Divulgamos uma análise mostrando que o que acontece é justamente o contrário, a geração distribuída ajuda a reduzir a conta de todos os brasileiro inclusive dos mais pobres e dos que não têm geração distribuída. Até 2031, a DG vai ajudar a reduzir a conta de todos os brasileiros em 5,6%, mais de R$ 86 bilhões em redução de custos no setor elétrico, sem contar o ganho ambiental”, rebate Sauaia.
A Abeeólica, associação que representa o setor de energia eólica, não quis se pronunciar.
Por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/09/15/ministro-de-minas-e-energia-critica-subsidios-a-projetos-de-renovaveis.ghtml
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