A UE reconheceu que vai aumentar em 5% o uso do carvão nos próximos anos cinco a dez anos, enquanto tenta substituir a importação de energia da Rússia.

A Comissão Europeia deu sinal verde ontem para que os países da União Europeia (UE) queimem mais carvão ao longo da próxima década, enquanto tentam se livrar do petróleo e gás russos. Ao mesmo tempo anunciou um plano de investimentos de mais de € 300 bilhões para melhorar a eficiência energética e acelerar a transição para fontes renováveis.

O carvão é o combustível mais intensivo em carbono, mesmo assim a Comissão Europeia disse que a UE usará 5% mais que o esperado nos próximos cinco a dez anos, enquanto o bloco tenta substituir as importações de energia da Rússia.

Mais energia nuclear também será usada, disse uma autoridade graduada da Comissão Europeia, enquanto a UE anunciava seus planos para reforçar sua infraestrutura energética e se tornar menos dependente de Moscou. O REPowerEU, de € 300 bilhões, prevê € 10 bilhões em investimentos para a criação de estruturas para gás natural, € 2 bilhões para infraestrutura de petróleo e o restante será usado para energias renováveis.

A insistência da UE de que precisa acabar com o uso do petróleo e gás russos é uma das maiores consequências para o bloco da invasão da Ucrânia pela Rússia. A Comissão quer eliminar os laços com a energia russa até 2027, tanto para privar o presidente Vladimir Putin de receitas, como para ter mais liberdade para agir contra Moscou.

Mas o provável aumento do uso de carvão mostra as consequências de curto prazo para a agenda verdade da UE, embora a Comissão insista que mesmo assim atingirá sua meta de corte nas emissões em 55% dos níveis de 1990 até 2030.

O carvão deverá produzir anualmente, pelos próximos cinco a dez anos, outros 100 terawatts/hora de energia, mais ou menos o consumo de eletricidade da Bélgica. A energia nuclear, que produz pouco carbono mas é impopular entre os ambientalistas por causa dos resíduos gerados, deverá produzir outros 44 terawatts/hora por ano.

Perguntado se o plano REPowerEU é compatível com o “green deal” da UE para descarbonizar a economia, Frans Timmermans, comissário responsável por sua implementação, respondeu: “Não temos escolha”.

Timmermans acrescentou que a Comissão deverá proteger o dinheiro dos contribuintes não investindo nos combustíveis fósseis, que serão eliminados gradualmente. Oleodutos e as infraestruturas de gás financiados pelo REPowerEU são capazes de se adaptar para transportar gases que não emitem carbono, como o hidrogênio e a amônia gerados por fontes renováveis, acrescentou ele.

A dependência do gás russo já caiu de 40% no ano passado para 26%, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A combinação de medidas de eficiência, grandes investimentos em energia eólica e solar e compras de gás de outros países como os EUA, tem como objetivo zerar o fornecimento russo até 2027.

Os governos terão que afrouxar as regras para permitir a construção mais rápida de projetos de geração de energia eólica e solar. “Se não encurtarmos os procedimentos, jamais chegaremos aos níveis de energia renovável de que precisamos”, disse Timmermans.

A Comissão irritou grupos conservacionistas ao propor vender€ 20 bilhões em licenças de emissão de carbono excedentes, o que permitiria a liberação de 250 milhões de toneladas de CO2 sob o esquema de comércio de emissões.

“O plano da Comissão para acelerar a transferência da UE para as soluções de energia limpa, como eficiência energética, energia eólica e solar, é muito bem-vindo”, disse Ester Asin, diretora para a Europa do WWF. “Mas financiar isso vendendo licenças para poluir é um equívoco, assim com construir mais infraestrutura de gás fóssil ou depender do aumento do uso de biomassa. Isso apenas prolongará nossa dependência das importações de combustíveis fósseis e ameaçará as metas para o clima.”

Fonte: Valor econômico.
Imagem: EBC.
https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/05/19/ue-acelera-renovaveis-mas-vai-usar-mais-carvao.ghtml

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