Comissão de Meio Ambiente (CMA) realiza audiência pública interativa para avaliar a Política Nacional de Mudança do Clima. Mesa: professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ronaldo Seroa da Motta; diretor do Instituto BVRio e Bolsa de Valores Ambientais, Beto Mesquista; presidente da CMA, senador Fabiano Contarato (Rede-ES); sócia-diretora da Fractal Assessoria e Desenvolvimento de Negócios, Linda Murasawa; professor e diretor executivo do Representante de PUC-Rio e Climate Policy Initiative, Juliano Assunção. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado


Para especialistas e CEOs presentes no Brazil Summit 2022, país tem potencial para se tornar um dos maiores negociadores dessa área.

O Brasil tem potencial para se tornar um dos maiores negociadores do mercado de carbono e precisa viabilizar esse ambiente o mais rápido possível, avaliaram especialistas e CEOs presentes no Brazil Summit 2022, organizado pelo “Financial Times”, com parceria de mídia do Valor. “Não temos mais tempo e a hora é agora”, disse o presidente do BNDES, Gustavo Montezano.

Segundo ele, o mercado de carbono será uma vantagem competitiva para as empresas no país. “Um mercado de carbono regulado, transparente e mensurável é uma vantagem competitiva para as companhias no Brasil.”

Conforme o executivo, ainda faltam resolver pontos importantes como padronização, sistemas de medição de impactos e outras questões. “Quanto mais conseguirmos medir [os impactos] mais negociável serão [os créditos de carbono gerados pelos setores].”

O presidente do BNDES vê a instituição em uma posição importante na viabilização desse ambiente: “O banco pode atuar como um indutor desse mercado”.

O CEO da Suzano, Walter Schalka, ponderou que achar uma forma de financiar a descarbonização das economias globalmente é um fator crítico. “O setor financeiro não vai fazer isso sem um incentivo e a única maneira é ter um mercado de carbono regulado.”

Conforme Schalka, o Brasil tem um conjunto sem igual de ativos naturais e possibilidade de realizar o chamado sequestro de carbono, ou seja, processos para excluir gás carbônico da atmosfera e transformá-lo em oxigênio. “Temos milhões de hectares de floresta protegidas que poderiam ser classificadas como florestas nativas a fim de aumentar o sequestro de carbono.”

O país ainda pode investir na regeneração de áreas degradadas. “O Brasil tem uma grande oportunidade de usar isso como base para o crescimento”, disse Schalka. No mercado de carbono, os países podem negociar o que realizaram a mais em termos de descarbonização como créditos para empresas e outras economias poderem usar para atingir metas definidas nos acordos sobre mudanças climáticas.

“Acho que temos uma grande oportunidade, porque é muito simples. Precisamos reduzir nossas emissões no mundo. Não é uma competição, temos um bilhão de pessoas que precisam enfrentar as mudanças climáticas no mundo, então precisamos trabalhar juntos. Mas não estamos vendo muito trabalho sendo feito, apenas ambição de preservação. Por isso, precisamos capturar carbono.”

O CEO da Suzano usou o desmatamento ilegal na Amazônia para explicar como o mercado de carbono pode ajudar a reduzir a atividade ilegal. “Temos muitas pessoas trabalhando na desflorestamento ilegal por causa do problema social. Podemos vender US$ 10 bilhões por ano vender em créditos de carbono no mercado internacional e isso pode ajudar a resolver os problemas sociais na floresta e incentivar a preservação.”

O ex-ministro da Fazenda e atual diretor de estratégia econômica e de relações com o mercado do banco Safra, Joaquim Levy, lembrou que no mundo ainda não há tecnologia tão eficiente para o sequestro de carbono quando o reflorestamento. “Temos essa tecnologia, as áreas e pessoas, podemos ser líderes globais nos próximos cinco anos no sequestro de carbono.”

Para a CEO do UBS no Brasil Sylvia Coutinho, “vemos um tremendo potencial no mercado de carbono”. Na visão da executiva, “o Brasil é um dos países com um dos maiores conjuntos de ativos naturais do mundo e monetizar isso é importante [para incentivar a preservação]”. A executiva citou ainda a capacidade do país de geração de energia renovável e implementar novos mercados de comércio de energia, como o chamado hidrogênio verde, ou seja, o gás produzido com uso de eletricidade de fontes renováveis e, portanto, sem emissão de gás carbônico.

Ela explicou que as próprias empresas começam a perceber o potencial de monetização dos próprios ativos sustentáveis. “Há alguns anos, nós [UBS] tínhamos de correr atrás dos clientes para convencê-los de que era vantajoso incluir metas sustentáveis nas emissões [de dívida]. Agora são eles que correm atrás de nós para realizar operação com títulos ligados a métricas de sustentabilidade.”

O vice-presidente sênior da Siemens Energia Brasil, André Clark, ressaltou que o investimento em energias solar e eólica no mundo todo representam uma oportunidade de o Brasil ampliar sua presença na cadeia global de valor para esse setor. O Brasil poderia fazer o processamento de materiais utilizados na fabricação de equipamentos para a produção de energia limpa no próprio país, pontuou.

Segundo ele, “a China faz 80% do processamento desses minerais e o Brasil, como fonte de muitas desses materiais, deveria pensar estrategicamente junto com os parceiros industriais”. O Brasil acrescentou a CEO da BRK Ambiental, Teresa Vernaglia, “pode ter papel-chave no mundo e melhorar a qualidade do clima”.

Fonte: Valor Econômico.
Imagem: Senado Federal.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2022/05/10/brasil-nao-pode-perder-corrida-por-mercado-de-carbono.ghtml

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