Uma pesquisa global da PwC com presidentes de companhias mostrou que as mudanças climáticas preocupam mais os executivos do setor de energia do que líderes de companhias de outros segmentos. Ao todo, 52% dos entrevistados que atuam na área de energia apontaram as alterações do clima como uma ameaça que pode afetar negativamente as empresas no próximo ano, enquanto essa é uma preocupação de 33% dos executivos no índice global.
Os resultados fazem parte da 25ª edição da Pesquisa Anual Global da PwC com presidentes de empresas. A pesquisa ouviu mais de 4.400 executivos, em 89 países. Cerca de 4% dos entrevistados atua em companhias brasileiras.
O sócio e líder da indústria de energia da PwC Brasil, Ronaldo Valiño, destaca que entre os líderes de companhias brasileiras, houve uma preocupação ainda maior do que a média global com os riscos associados às mudanças do clima.
“Talvez isso ocorra por causa da crise hídrica. Em 2021, a economia brasileira teve um aumento de custos com a questão hídrica. É um tema que não acabou com a virada do ano”, disse Valiño.
No ano passado o Brasil viveu a pior estiagem em 91 anos, o que afetou a geração de eletricidade nas hidrelétricas e levou a necessidade de acionamento de usinas térmicas, mais caras.
Outras ameaças que preocupam os líderes de empresas são os riscos cibernéticos, apontados por 52% dos executivos do setor de energia como uma ameaça, e os riscos à saúde dos empregados, questão citada por 39% dos entrevistados. Segundo Valiño, executivos brasileiros também mostraram uma crescente preocupação com a questão da desigualdade social.
Ele lembrou que atualmente a agenda dos CEOs passou a incluir mais temas ligados a questões de médio a longo prazo do que no passado.
“O lucro, o resultado, o dividendo, não deixam de ser uma preocupação, mas não é são mais o único objetivo, é preciso ter uma agenda mais robusta, que envolve satisfação do cliente, funcionários, digitalização, a preocupação ambiental e do clima. Vemos maior preocupação com temas operacionais e questões que impactam a empresa a longo prazo, como qualidade de vida, saúde, proteção dos empregados”, afirma.
Nesse sentido, segundo Valiño, líderes brasileiros do setor de energia também demonstraram maior atenção ao cliente final, dada a tendência de abertura do mercado livre de energia elétrica, com a possibilidade de que os consumidores possam escolher os próprios fornecedores de eletricidade.
Globalmente, a pesquisa também mostrou que os CEOs do setor de energia são mais otimistas do que a média total em relação ao crescimento da economia mundial. Ao todo, 89% dos líderes da área de energia esperam crescimento global e 4% acreditam em estabilidade, enquanto a média geral com executivos de outros setores aponta que 80% acreditam no crescimento da economia mundial e outros 9% preveem estabilidade.
“Os CEOs de empresas de energia estão um pouco mais otimistas do que a média global. Talvez seja porque toda a matriz de energia está sendo revista, isso traz um otimismo para novos investimentos e negócios”, comenta Valiño.
Fonte: Valor econômico
Imagem: Jornal da USP
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/02/03/mudancas-climaticas-preocupam-mais-presidentes-do-setor-de-energia-diz-pesquisa.ghtml
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