Um estudo realizado pela consultoria americana McKinsey aponta que o custo global para realizar a transição para uma matriz energética limpa até 2050 é de 275 trilhões de dólares, ou 9,2 trilhões de dólares anuais. O relatório “Transição Net Zero” avaliou os setores que produzem 85% das emissões totais de gases de efeito estufa de 69 países, incluindo o Brasil, e é considerado pelos especialistas do tema o estudo mais completo realizado até hoje.
“Não investir esses 9 trilhões de dólares pode ter um custo de três a quatro vezes maior para a nossa sociedade lidar com o aumento dos eventos climáticos extremos causados pelo aquecimento do planeta. As pessoas falam que a transição custa caro, mas não fazê-la é mais caro ainda”, diz Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
O montante a ser investido seria direcionado para sistemas de energia e ocupação do solo, de maneira que abrangesse setores como a indústria, mobilidade, construções, agricultura, silvicultura e outros usos do solo, além de resíduos. Em relação ao que já é investido hoje, o aumento seria de 3,5 trilhões de dólares por ano. Ainda que a transição fosse realizada, o seu efeito sobre as mudanças climáticas seria apenas o de estabilizar o aumento da temperatura do planeta em 1,5ºC, considerado inevitável diante dos atuais níveis de emissões de gases de efeito estufa.
Brasil
No relatório, o Brasil foi colocado no grupo de países que realizam um uso intensivo da terra, ao lado da Argentina, Bolívia, Chila, Colônia, Costa Rica e Equador, nos quais a agricultura e o setor florestal representam mais de 5% do PIB, mais de 10% dos empregos e mais de 5% do estoque de capital.
De acordo com o documento, para a transição energética ocorrer nessas nações seria necessário equilibrar o uso do solo com a proteção da floresta por meio de apoio a comunidades que dependem destes meios para subsistir. Além disso, o potencial dos recursos naturais de países como o Brasil permitem um maior desenvolvimento de fontes de energia renovável, maior disponibilidade de minerais importantes para a produção de energia limpa e de projetos ligados a manejo e reconstrução de florestas que geram créditos de carbono e contribuem para a neutralização do uso de combustíveis fósseis.
Mudança no mercado de trabalho
O cálculo estima que os setores ligados à alta emissão de gás carbônico, responsáveis por aproximadamente 20% do PIB mundial, seriam profundamente afetados e 185 milhões de empregos diretos e indiretos em todo o mundo seriam perdidos, principalmente de setores ligados a combustíveis fósseis, como indústrias de carvão, petróleo e gás. Por outro lado, cerca de 200 milhões de postos de trabalho seriam criados em setores relacionados à energia limpa, o que proporcionaria um saldo de 15 milhões de empregos criados.
Fonte e Imagem: Veja
https://veja.abril.com.br/economia/estudo-aponta-custo-de-u-9-tri-anual-com-transicao-para-energia-limpa/
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