Previsão da EPE para 2031 aponta avanço de setores em que consumidor gera sua própria energia.

As usinas hidrelétricas vão passar a ser responsáveis por menos de metade da oferta de eletricidade brasileira até 2031, segundo o relatório do plano decenal de energia (PDE) elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O plano entrou em consulta pública ontem. A fonte hidrelétrica, que respondia por 58% da matriz elétrica do país em 2021, representar 45% ao fim do período. O percentual é pouco mais da metade da participação no começo do século, quando a fonte hídrica representava 83% da capacidade instalada do país.

O PDE é um plano elaborado pela EPE com a indicação das perspectivas de expansão do setor de energia ao longo de uma década. Segundo a estatal de planejamento, um dos principais objetivos ao longo da elaboração da última edição foi incorporar as lições aprendidas com a crise hídrica que o Brasil viveu no ano passado. Em 2021, o país passou pela pior estiagem em 91 anos, o que afetou os reservatórios das hidrelétricas e gerou incertezas sobre o suprimento de energia.

A EPE estima que outras fontes renováveis devem ganhar espaço. A previsão é que a participação da geração solar cresça de 2% ao fim de 2021 para 4% em 2031, enquanto a eólica deve passar de 10% para 11% no período. Já a autoprodução de energia e a geração distribuída renovável, modalidades na qual o consumidor gera sua própria energia principalmente por meio da instalação de placas fotovoltaicas, deve sair de uma participação de 8% para 17% na matriz em dez anos.

Há também previsão de expansão da participação da energia nuclear na matriz elétrica, de 1% para 2% do total, devido à entrada em operação da usina de Angra 3 (RJ) e à previsão de uma nova termelétrica nuclear no plano, conforme antecipado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ao fim do ano passado. Com a entrada em operação das duas novas usinas, a expectativa é que a capacidade de geração nuclear brasileira cresça do atual 1,9 GW para 4,39 GW até 2031.

De acordo com as estimativas do plano, o Brasil vai alcançar uma capacidade de geração de energia de 275 gigawatts (GW) em 2031, frente aos 200 GW ao fim de 2021. A expansão da geração elétrica vai ser necessária para fazer frente ao crescimento da demanda no Sistema Interligado Nacional (SIN), que deve chegar a 97,2 gigawatts médios (GWm), frente aos 69,69 GWm de 2021.

O segmento de energia elétrica deve receber R$ 528 bilhões na década, com destaque para a expansão do parque de geração centralizada de energia, que deve demandar R$ 292 bilhões. A área de transmissão de energia prevê investimentos totais de R$ 100,7 bilhões, sendo R$ 51,8 bilhões referentes a empreendimentos outorgados.

Ao todo, a estimativa é que o setor de energia vai demandar investimentos da ordem de R$ 3,25 trilhões entre 2021 e 2031, dos quais a maior parte vai para o segmento de petróleo e gás, que deve absorver R$ 2,66 trilhões no período.

Com a abertura do setor a investimentos privados, o mercado de gás deve atrair R$ 117,63 bilhões em investimentos em gasodutos de transporte e escoamento, além de terminais de regaseificação e unidades de processamento. A previsão é que produção de petróleo chegue a 4 milhões de barris por dia até 2028, patamar que deve ser mantido até 2031. O pico de produção de gás natural também é esperado para 2028, próximo de 195 milhões de m3 por dia.

Fonte e Imagem: Valor Econômico
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2022/01/25/menos-de-50-da-energia-deve-vir-de-hidreletrica.ghtml

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