Leilões para renováveis, marcados para amanhã, terá a maioria dos projetos em quatro Estados do Nordeste, com entrega em 2024 e 2025
Os leilões de energia elétrica agendados para amanhã marcam o retorno da contratação de projetos novos de geração depois do começo da pandemia, em março de 2020. Os leilões A-3 e A-4 vão oferecer oportunidade para as distribuidoras contratarem projetos de fontes renováveis, com início do suprimento em janeiro de 2024 e de 2025, respectivamente.
As concorrências serão realizadas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) com coordenação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Uma das características mais marcantes dos certames é a alta participação de empreendimentos no Nordeste, com destaque para a Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) cadastrou 1.841 projetos para concorrer, num total de 66.862 megawatts (MW) de potência, divididos entre as fontes eólica, solar fotovoltaica, hidrelétrica e termelétrica. O período de suprimento varia de acordo com a fonte (ver quadro ao lado).
Analistas acreditam que os leilões serão marcados por baixos preços e forte concorrência, com destaque para projetos de energia solar e eólica, que têm o maior número de usinas cadastradas.
No caso da energia solar, 1.050 projetos estão habilitados para concorrer, com 41.852 MW de potência, enquanto a eólica tem 700 projetos, com 22.667 MW.
De acordo com a sócia da consultoria KPMG, Francelli Jodas, a expectativa é de uma demanda reprimida por parte das distribuidoras, já que os leilões deste tipo marcados para 2020 foram adiados devido à pandemia. “A retomada do consumo foi mais rápida do que o esperado”, aponta.
Ela afirma, por outro lado, que o crescimento da geração distribuída e do mercado livre, modalidades nas quais os consumidores podem produzir a própria energia ou escolher o fornecedor, têm levado as distribuidoras a serem mais conservadoras nas contratações em leilões regulados.
As dúvidas sobre o tamanho da demanda das distribuidoras se intensificaram depois que os leilões A-5 e A-6, para projetos existentes, realizados no fim de junho, contaram com participação de apenas três companhias na ponta compradora. Os certames, que visavam a reposição de contratos de térmicas perto do vencimento, tiveram participação da Celpa (PA), Cemar (MA) e Light (RJ), e contrataram apenas um projeto, a revitalização da UTE Cubatão, da Petrobras.
“São leilões diferentes, mas, ainda assim, dão um sinal em relação à demanda. Os leilões regulados vêm perdendo protagonismo, tanto em relação ao volume, quanto ao preço. Os empreendedores complementam os contratos no mercado regulado com outros no mercado livre, essa é uma tendência que veio para ficar”, diz o gerente estratégico-financeiro da consultoria Thymos Energia, André Fonseca.
Representantes do governo dizem que o comportamento das distribuidoras varia de acordo com cada certame.
“Os leilões são estruturados com perfis, produtos e prazos diferentes e o resultado de um não necessariamente diz muito em relação ao subsequente”, disse o secretário-executivo de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia, Christiano Vieira, em entrevista coletiva após os últimos leilões.
Analistas apontam que o histórico de baixos preços ofertados pelas fontes renováveis podem ter levado as distribuidoras a reservar uma parcela maior da demanda para contratação nos leilões desta semana. Para o sócio da comercializadora Mercurio Trading, Eduardo Faria, a expectativa de preços mais baixos nos leilões desta quinta em relação aos do mês passado.
Os leilões A-3 e A-4 têm preços iniciais para contratação de R$ 292 o MWh para as fontes hidrelétrica e termelétrica a biomassa e de R$ 198 o MWh para eólica e solar, no caso de empreendimentos sem outorga. Para os projetos com outorgas, os preços de referência serão de R$ 245,14 o MWh, para pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e centrais geradoras hidrelétricas (CGH) e de R$ 170,37 por MWh para usinas hidrelétricas.
Os projetos vencedores serão aqueles que oferecerem o maior desconto sobre os preços iniciais.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/07/07/oferta-de-energia-renovavel-tera-forte-concorrencia-preve-mercado.ghtml
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