Expectativa é que o novo ministro evite o confronto.

O novo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, assume o cargo no lugar de Ricardo Salles com a missão de conciliar os interesses do agronegócio com o meio ambiente, de acordo com a visão do Palácio do Planalto. A expectativa é que evite o confronto e busque uma atuação mais pragmática, embora seja dado como certo que também enfrentará críticas de ambientalistas.

O próprio presidente Jair Bolsonaro citou o que espera de um ministro da área na terça-feira, um dia antes de a troca ser anunciada. Durante discurso na solenidade de lançamento do Plano Safra 2021/2022, Bolsonaro homenageou aquele que estava de saída e sinalizou as dificuldades que um novo titular da pasta poderia enfrentar. “O casamento da agricultura com o meio ambiente foi um casamento quase que perfeito. Parabéns, Ricardo Salles. Não é fácil ocupar o seu ministério, por vezes a herança fica apenas uma penca [sic] de processos”, afirmou.

Leite sabe os desafios que herdará. Já era da casa e um dos nomes mais próximos da bancada ruralista dentro do ministério.

Próximo a Salles, ocupava desde abril de 2020 o braço considerado mais estratégico da pasta, a Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais. Ela é a responsável por formular e coordenar estratégias e políticas para a prevenção e o controle do desmatamento ilegal, dos incêndios florestais e das queimadas, além da recuperação, do uso sustentável e da redução da degradação da vegetação nativa. A secretaria também é responsável pelas políticas públicas voltadas à redução das emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal.

Leite é coordenador da Comissão de Preservação da Amazônia Legal do Conselho Nacional da Amazônia, nomeado quando ainda era assessor especial, em abril de 2020. Antes, ele foi diretor do Departamento Florestal.

Formado em administração de empresas pela Universidade de Marília (SP) e com mestrado pelo Insper, tocava pessoalmente projetos de pagamentos pela preservação da vegetação nas propriedades rurais, como o Floresta+, tema tratado como prioridade pelos parlamentares do setor. Era também presença frequente nas reuniões semanais da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), às terças-feiras, na casa que serve como sede do colegiado no Lago Sul, em Brasília.

Ex-produtor de café e de família do setor do agronegócio, Joaquim Leite foi conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB) durante 23 anos. Na entidade, participou ativamente das discussões sobre o Acordo de Paris. Foi lá onde teve os primeiros contatos com o ex-ministro Ricardo Salles, que o convidou para integrar a pasta em 2019. É considerado conhecedor do Código Florestal e especialista em mercado de carbono, segmento no qual atuou no mercado privado e trabalhou para construir a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais.

Leite também é visto com frequência no Ministério da Agricultura, em reuniões e eventos sobre temas transversais dos ministérios, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a agenda florestal. Nas últimas cerimônias, o novo ministro já era tratado com intimidade pelos vizinhos da Esplanada, sendo chamado pelo apelido de “Juca” pela ministra Tereza Cristina.

https://valor.globo.com/politica/noticia/2021/06/24/juca-tende-a-ser-mais-pragmatico.ghtml
Fonte: Valor Econômico
Imagem: Globo Rural

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